sábado, 17 de abril de 2010

Décimas em Portugal

Neste Lugar Solitário – Décima de Inocêncio de Brito



NÊSTE LUGAR SOLITARIO
ONDE O ACASO ME TEM
BRADO NINGUEM ME RESPONDE
OLHO NÃO VÊJO NINGUEM



Estou por cá bem felismente
Só me faz incomodar
Uma pendencia de olhar
Para a parte do nascente
Passo a vida tristemente
Neste continuo fadario.
Sinto-me louco ando vario
E o caso é está bem visto
Que não dou remedio a isto
Neste lugar solitario

Que mais pra eu viver triste
Um cinge as armas de Elrei
E o mais novinho não sei
Ao mênos aonde existe
Pra que o pai o não aviste
A distancia me o esconde
Lançar a vista pra onde
Se o pobre pai nada vê
Estar-lhe bradando pra quê
Brado ninguém me responde



A côr que não desmerêce
É amôr de pai pra filhos
E se ausente dêsses caudilhos
Mais a côr resplandêce
É lembrança que não esquêce
E não pode esquecer a quem
Tem um aqui, outro álem
Onde a sórte os colocou
E eu por sórte tamem estou
Onde o acaso me tem


De dia mando o sentido
Levar novas e trazêr
Tanto dêles quero sabêr
Tão pouco conrespondido
À noite um sonho atrevido
Com illusões me entertem
Illude-me o querer bem
Que os estou vendo e ouvindo
E eu tão nescio acordo rindo
Olho não vêjo ninguém

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