terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Rosa Lobato Faria

Se eu morrer de manhã

abre a janela devagar

e olha com rigor o dia que não tenho.



Não me lamentes. Eu não me entristeço:

ter tido a noite é mais do que mereço

se nem conheço a noite de que venho.



Deixa entrar pela casa um pouco de ar

e um pedaço de céu

- o único que sei.



Talvez um pássaro me estenda a asa

que não saber voar

foi sempre a minha lei.



Não busques o meu hálito no espelho.

Não chames o meu nome que eu não venho

e do mistério nada te direi.



Diz que não estou se alguém bater à porta.

Deixa que eu faça o meu papel de morta

pois não estar é da morte quanto sei.



Rosa Lobato Faria

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